A cor como signo da contracultura nas capas de discos da Tropicália

Cláudio Teixeira, Carla Pereira

Abstract


Este artigo visa demonstrar a articulação das cores com os demais elementos visuais, na construção de significados que remetem ao conceito de contracultura, no contexto das seis capas dos discos tropicalistas lançados em 1968. Apoiando-se em conceitos da Semiótica e das teorias da cor, as análises seguiram três etapas: (1) identificação e descrição dos signos, (2) interpretação e (3) síntese das descobertas. Os resultados confirmam que várias vertentes de contracultura estão representadas no design das capas. A despeito das particularidades dos designs, em todos eles o discurso visual e cromático se dá no sentido de crítica ao establishment, havendo uma convergência no uso das cores como meio de contrariar o gosto comum ou de reforçar mensagens de crítica social. Conclui-se que as capas de discos tropicalistas expressam uma contraposição à cultura vigente por meio das cores, em conjunto com os demais elementos da composição gráfica.

Keywords


Cores; Semiótica; Memória gráfica; Capas de discos; Tropicália

References


BANKS, Adam; FRASER, Tom. O guia completo da cor. São Paulo: Editora SENAC, 2007.

BARTHES, Roland. Elementos da semiologia. Trad. Izidro Blikstein. 16ª. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

BATCHELOR, David. Cromofobia. Trad. Marcelo Mendes. São Paulo: Editora Senac, 2007.

CAIVANO, José Luis. Color and semiotics: a two-way street. Color Research and Application. vol. XXIII, 6, dec 1998.

CARNEIRO, A. M.; DIAS, M. R. A. C; ALMEIDA, M. G. Um olhar sobre o papel social do design gráfico durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985). Albuquerque: Revista de História, 14 (27), 85-104, 2022.

DUNN, Christopher. Brutalidade Jardim: A Tropicália e o surgimento da sontracultura brasileira. Trad. Cristina Yamagami. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

FAVARETTO, Celso F. Tropicália: alegoria, alegria. 4ª ed. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2007.

GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: Sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras, 2013.

GROUPE μ. Sistemática del color. In: GROUPE μ. Tratado del signo visual: para una retórica de la imagem. Trad. Manuel T. Carmona. Annablume, 1993.

HELLER, Eva. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. (trad.) Maria Lúcia L. da Silva. Barcelona: Gustavo Gili, 2012.

MEGGS, Philip B.; PURVIS, Alston W. História do design gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

MELO, Chico Homem de; RAMOS, Elaine (orgs.). Linha do tempo do design gráfico no Brasil. São Paulo: CosacNaify, 2011.

MELO, Chico Homem de (org.). O design gráfico brasileiro: anos 60. 2ª. ed. São Paulo: Cosac: Naify, 2008.

MOLES, Abraham A. O kitsch: A arte da felicidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001.

MURATOVSKI, Gjoko. Research for designers: A guide to methods and practice. London: Ed. Sage, 2016.

O´CONNOR, Zenna. Colour symbolism: Individual, cultural and universal. Sydney, Australia: eBook Production, 2015. 165 p.

PASTOREAU, Michel. Dicionário das cores do nosso tempo: simbólica e sociedade. Trad. Maria José Figueiredo. Lisboa: Editorial Estampa, 1997.

PASTOUREAU, Michel. Preto: história de uma cor. Trad. Léa P. Zylberlicht. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008.

PASTOUREAU, Michel. Rouge: histoire d'une couleur. Paris: Éditionsdu Seuil, 2016.

PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. 10ª ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2014.

PEREIRA, Carla. A cor como espelho da sociedade e da cultura. Tese (doutorado). São Paulo: FAU/USP, 2011.

PEREIRA, Carla. A cor como signo: fundamentos para uma abordagem semiótica das cores no design. Estudos em Design, v. 31, p. 06-20, 2023.

PEREIRA, Carlos Alberto Messeder. O que é contracultura. 8ª ed. Belo Horizonte: Brasiliense, 1992.

REIS, Shayenne R.; LIMA, Edna L. O. Cunha; LIMA, Guilherme Cunha. Memória gráfica brasileira – Da memória ao efêmero: O caso das capas de discos de vinil. Anais do Congresso Internacional de Design da Informação, 7, 1428-1433, 2015. https://doi.org/10.5151/designpro-CIDI2015-cidi_174

RISÉRIO, Antonio. Duas ou três coisas sobre a contracultura no Brasil. In: Anos 70: trajetórias. São Paulo: Iluminuras/Itaú Cultural, 2005.

RODRIGUES, Jorge Caê. Anos fatais: design, música e Tropicalismo. Rio de Janeiro: 2AB, 2007.

RODRIGUES, Jorge Luís Caê. Tinindo, trincando: O design gráfico no tempo do desbunde. Conexão-Comunicação e Cultura,v. 5, n. 10, p. 72-103, jul. 2006.

RODRIGUES, Jorge Luís Caê. O design tropicalista de Rogério Duarte. In: MELO, Chico Homem de (org.). O design gráfico brasileiro: anos 60. 2ª. ed. São Paulo: CosacNaify, 2008. 166 p.

ROSZAK, Theodore. A Contracultura. Petrópolis: Vozes, 1972.

ROZA, Fernanda C.; SANTOS, Marinês R. Cartazes psicodélicos: Origens e influências. In: Anais do Terceiro Congresso Internacional de Pesquisa em Design, Rio de Janeiro, 2005.

VILLAS-BOAS, André. Identidade e cultura. Rio de Janeiro: 2AB, 2009.

WEAVER, Mabel. Color symbolism: Detailed study of colors and their meaning. Amazon Media Press, 2014. 167 p.

ZAPPA, Regina; SOTO, Ernesto. 1968: eles só queriam mudar o mundo. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.




DOI: https://doi.org/10.35522/eed.v32i3.2029

Refbacks

  • There are currently no refbacks.


Copyright (c) 2024 Cláudio Teixeira, Carla Pereira

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Revista Estudos em Design, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, ISSN Impresso: 0104-4249, ISSN Eletrônico: 1983-196X

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.